A Sociedade da Neve: o que você pode aprender sobre negócios com esse e mais 4 filmes
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A Sociedade da Neve: o que você pode aprender sobre negócios com esse e mais 4 filmes

A Sociedade da Neve: o que você pode aprender sobre negócios com esse e mais 4 filmes

Por:
G4 Educação
Publicado em:
15/1/2024

Um grupo de sobreviventes de um acidente aéreo tenta sobreviver na Cordilheira dos Andes. Contra todas as possibilidades, eles usam suas habilidades para serem resgatados e firmam um pacto de, se um deles morrer, sua carne ajudará os demais a sobreviver.

Parece filme de Hollywood, mas não é. É a sinopse do filme “A Sociedade da Neve”, produção que conta história do acidente com o voo 571 da Força Aérea Uruguaia, em 1972, em que 16 pessoas conseguiram sobreviver em um ambiente hostil, sem equipamentos e sem roupas adequadas para enfrentar o frio.

O diretor espanhol Juan Antonio Bayona usou como base o livro do jornalista Pablo Vierci, “A sociedade da neve: Os dezesseis sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez”. Amigo de um dos sobreviventes, ele conversou com vários membros do grupo para remontar o que aconteceu e como chegaram a praticar canibalismo para se manterem vivos.

A história – que ficou conhecida como “o milagre dos Andes – já teve algumas adaptações para TV e cinema, mas “A Sociedade da Neve” se destaca por colocar a ênfase maior não na polêmica, mas em como os sobreviventes trabalharam juntos para atingir seu objetivo de serem resgatados e voltar para casa.

A Sociedade da Neve: o acidente

Em 1972, um avião da Força Aérea Uruguaia decolou com 45 pessoas a bordo. A aeronave transportava o time de rugby Old Christians Club e seus parentes e amigos para enfrentar seus adversários em Santiago, no Chile. A aeronave fez uma parada forçada em Mendoza, na Argentina, devido a uma tempestade. As condições meteorológicas não melhoraram muito no dia seguinte, mas por causa do compromisso, o avião decolou novamente.

O voo 571 colidiu contra uma montanha na Cordilheira dos Andes a aproximadamente 3.500 metros de altura e caiu na parte argentina. Segundo a análise técnica mostrou depois, os pilotos estavam baixando a altitude de voo, pensando que já estariam se aproximando do outro lado. O erro, naquele momento, custou a vida de 12 pessoas.

Após a queda, os 33 sobreviventes tiveram de enfrentar condições inóspitas. Para sobreviver a temperaturas de quase -30°C, sem roupas e proteção adequada, o grupo se organizou para racionar os suprimentos que conseguiram reunir da fuselagem do avião. Bolachas, chocolates e bebidas ajudaram por algum tempo. Para matar a sede depois, eles passaram a derreter neve.

Nos dias seguintes à queda, mais seis pessoas morreram. Como se não bastasse, uma avalanche soterrou o avião e mais oito companheiros. Foi a partir daí que, para se manter, os sobreviventes se alimentaram dos cadáveres dos mortos.

Em dois meses, o grupo já havia diminuído para 16 pessoas. Como estavam enfraquecidos, dois integrantes que ainda conseguiam se mover, se ofereceram para cruzar as montanhas e buscar socorro. Eles percorreram mais de 60 km até encontrar uma pessoa, que foi avisar as autoridades. 

Após 72 dias, o grupo de 16 uruguaios foi resgatado por helicóptero. Os jornais estamparam sua história como “o milagre dos Andes”. A história ganhou repercussão mundial, muito em parte pelo relato de canibalismo, que os sobreviventes defenderam como sua única maneira de permanecer vivos naquelas circunstâncias.

Cena do filme "A Sociedade da Neve", que reconstrói o chamado "milagre dos Andes", quanto 16 pessoas sobreviveram 72 dias após a queda do voo 571 em 1972 (Crédito: Dviulgação/Netflix)

O que “A Sociedade da Neve” pode nos ensinar

O filme, que já recebeu prêmios na Espanha e é um dos fortes candidatos à indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, traz lições que ultrapassam a questão da sobrevivência e podem ser aplicadas inclusive a negócios. Vamos a algumas delas:

Disciplina e trabalho colaborativo

O grupo que viajava para o Chile trazia jogadores de rugby, parentes e amigos. Esse esporte, além de ser bastante competitivo e de alto impacto, segue uma disciplina clara em que os jogadores não discutem com o árbitro. Essa disciplina é aplicada nos treinamentos, na seleção de jogadores.

A disciplina é uma das características dos profissionais e donos de negócios que desejam alcançar a excelência. Sem uma clareza do que é preciso ser feito, quais regras seguir, mais foco e energia aplicados de maneira inteligente para atingir um objetivo, não se chega a lugar nenhum.

Mesmo enfrentando condições completamente adversas, eles foram capazes de empregar seu conhecimento coletivo e trabalharam juntos para ajudar uns aos outros.

Os sobreviventes, a maioria jovens, trabalharam em grupo e de forma colaborativa para atingirem seu objetivo. Cada um empregou o melhor de suas habilidades para ajudar o outro e firmaram um pacto para sobreviver.

Desconforto do aprendizado

O psicólogo organizacional Adam Grant afirma que as pessoas que alcançam o nível mais alto são aquelas que aprendem a lidar com o “desconforto do aprendizado”. Em seu mais recente livro, “Hidden Talent, ele explica como a disposição para enfrentar o desconforto de não ter todas as respostas, de estar em constante evolução, funciona como um motor para impulsionar a trajetória. 

No caso dos sobreviventes do voo 571, eles já estavam habituados aos treinos e a buscar os melhores resultados. Ao se deparar com uma situação inédita, eles se dispuseram a aprender como poderiam garantir sua sobrevivência. Com o final das provisões recolhidas do avião, eles passaram a beber a água derretida da neve, por exemplo.

Logo no início, Marcelo Perez (que era o capitão do time de rugby) entendeu que as chances de sobrevivência logo após a queda seriam menores se não encontrassem abrigo durante a noite, quando as temperaturas são mais baixas. O grupo se abrigou em uma parede da fuselagem, com as malas, para passar a noite.

Nos dias que se seguiram, para enfrentarem o frio, eles costumavam dar socos uns nos outros para ativar a circulação da área atingida e manter seus corpos aquecidos. Essas e outras habilidades foram aprendidas e colocadas em prática.

Confiança e liderança assertiva

Todo grupo organizado precisa de líderes para atingir seus objetivos, sejam eles atingir uma meta ou, nesse caso, sobreviver até serem resgatados com vida. Em um caso tão extremo, o grau de confiança que é construído por um depender do outro é muito grande. E essa confiança nas lideranças, nas habilidades e no caráter uns dos outros manteve as pessoas unidas.

Nos primeiros dias, a liderança do capitão do time de rugby foi fundamental para manter o grupo unido. Ao longo dos dias, outras lideranças emergiram, baseadas em suas habilidades, conhecimento e capacidade.

Ao final da jornada, a confiança e essa assertividade permitiram que os sobreviventes extrapolassem seus próprios limites para atingir seu objetivo.

Tomada rápida de decisão e busca pelo bem maior

Após ouvir no rádio a notícia de que as buscas haviam sido encerradas, três integrantes do grupo dos Andes decidiram atravessar as montanhas para buscar ajuda. Mesmo sem equipamentos e roupas adequadas e sem ter clareza de quanto tempo levaria sua jornada, eles foram assim mesmo. Eles fizeram um cálculo de distância percorrida, direção e probabilidade para decidir pela missão

Durante a escalada, eles perceberam que não era possível avistar um vilarejo. Dois que estavam em melhores condições decidiram ali seguir adiante, mandando o terceiro membro de volta. Essa tomada de decisão rápida salvou a vida de todos, como contaria depois Fernando Parrado, o “Nando”. Hoje ele é CEO de três empresas e conta sua experiência para empresários. 

Ele e o outro integrante arriscaram suas vidas para garantir um bem maior para todo o grupo. Esse esforço representou a oportunidade de encontrar uma pessoa e pedir socorro. Foi uma decisão consciente da qual todos se beneficiaram.

Após 72 dias, o grupo foi resgatado nos Andes por helicópteros.

Em muitos negócios, o esforço que um time faz pode levar a companhia inteira a alcançar o próximo nível. 

Cena do filme "O Poderoso Chefão", em que a grande lição está na arte da negociação (Crédito: Divulgação)

O que aprender com outros filmes

Mesmo os filmes cujo foco não está em lições de negócios podem nos ensinar algo.

O Poderoso Chefão

A trilogia (1972, 1974, 1990) sobre uma família mafiosa mostra bem a ascensão e queda de seu império, à medida que as “regras do negócio” vão mudando em meio a uma disputa de poder. A grande lição do filme está na importância da negociação na vida e nos negócios. A capacidade de negociar de Don Corleone e depois de seu herdeiro Michael está entre os pilares do sucesso da família. Basta lembrar de sua frase mais famosa: "Vou fazer uma oferta que ele não pode recusar". Também mostra como a reputação de um negócio é fundamental para abrir portas, mas sem a busca pela evolução contínua é praticamente impossível manter sempre os mais altos padrões.

Ghosbusters - Os Caça-Fantasmas  

Ao iniciar um negócio, a primeira etapa é sempre identificar uma necessidade que seu negócio possa atender ou um serviço que possa prestar. Em outras palavras, é encontrar o oceano azul e contar com a vantagem competitiva de ser o primeiro a navegar naqueles mares. Após identificar esse segmento, é preciso montar um plano de ação e, na sequência, fazer com que todo o time entenda como colaborar e trabalhar para executar o plano. A terceira etapa, e a mais difícil, é encontrar clientes pagantes e prestar o serviço que você imaginou.

Moneyball - O Homem que mudou o Jogo

É a história de como o time de beisebol Oakland A's, com poucos recursos, descartou todas as estatísticas tradicionais para identificar jogadores de alta qualidade, porém subvalorizados. Além de basear suas decisões em dados, algo que não era feito na época, o filme mostra como é possível avançar mesmo tendo restrições, como falta de investimento e de opções. Para isso, é preciso muita criatividade e assumir riscos. Em resumo, para atingir o objetivo, é preciso mudar a maneira de pensar e jogar de forma diferente para chegar a outros resultados.

À Procura da Felicidade

O aspecto da carreira é apenas uma das vértices da história de um pai que tenta de todas as formas conseguir um emprego para sustentar a família e realizar seu sonho. Ele trabalha duro para desenvolver as hard skills que não possui, mas em última análise, ele triunfa por sua determinação e por empregar suas soft skills. Em dado momento, Christopher Gardner arrisca e vai até a casa do CEO para fazer um pitch e tentar conseguir o emprego que tanto quer. A grande lição aqui é que mesmo diante de condições tão adversas, não se deve desistir e ir buscar seu objetivo, mesmo quando lhe dizem que não é capaz.

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